Motociclista repudia lei paulista que proíbe garupa em moto
O advogado Antonio Marcelo de Oliveira costuma levar a mulher, Miriam, na garupa da moto e considera a lei "inacreditável"
Aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo na terça-feira e aguardando sanção do governador para vigorar, a lei que proíbe levar uma pessoa na garupa da moto tem recebido o repúdio por parte de motociclistas. A maioria argumenta que a medida, cuja intenção é aumentar a segurança do usuário deste tipo de veículo e reprimir seu uso em assaltos, acaba sendo um atentado à liberdade do cidadão.
Autor da lei, o deputado Jooji Hato (PMDB) argumenta que a norma visa "proporcionar maior segurança aos motociclistas", já que houve redução na mortalidade de quem usa o carro, bicicletas e de pedestres, mas o mesmo não se observou entre as motos. Ele coloca o uso em assaltos como segunda justificativa para o projeto aprovado, destacando a possível diminuição nas ações de duplas criminosas em motocicletas. Apenas municípios com mais de 1 milhão de habitantes teriam a restrição.
O advogado Antonio Marcelo de Oliveira, 52 anos, considera a lei "inacreditável". Motociclista há 35 anos, ele ironiza a proposta. "Que tal proibir a venda de ternos, pois os bandidos se vestem de executivos para assaltar joalherias? Vamos proibir a venda de maçaricos: acaba o arrombamento de caixas eletrônicos", declarou. Oliveira costuma andar com a mulher na garupa.
A proibição na carona de moto também prejudicaria a estudante Elaine da Silva, 32 anos. Moradora do Tatuapé, na zona leste, estuda enfermagem no bairro da Liberdade e é levada diariamente pelo marido na garupa de sua moto. "No começo tinha muito medo, mas já faz 6, 7 meses que vou assim. Pode ser que não seja a melhor alternativa, mas ainda é o menor dos males", disse. Ela usa o exemplo do pai para ilustrar o que considera a ineficiência da lei. "Ele sofreu um sequestro-relâmpago por parte de dois sujeitos que chegaram de carro", contou.
Para Floriano Marques Costa, que trabalha em uma produtora de eventos, o vigor da lei poderia aumentar as despesas da família. De acordo com ele, o uso da moto economiza ao menos um automóvel. "Hoje, com o uso da moto, deixo dois carros em casa, o meu e o da minha esposa. Se a lei passar, vou ter que comprar mais uma moto ou ela volta a usar o carro, a manutenção passa ser em dobro e o risco de acidente e roubo também", disse.
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