sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Aventura na "Tail of the dragon"

Inicialmente a idéia era uma viagem à cidade de Charlottesville na Virginia, onde me encontraria com o Comandante Cyro França na casa de sua filha Cristiane. Como tinha milhas de crédito suficiente para as passagens de ida e volta, tentei agendar o vôo junto com o dele, no dia 20. Não foi possível, assim é que sai do Brasil no dia 23 de setembro às 21:45 h e após uma maratona de 3 vôos, passando por 4 aeroportos, cheguei a Charlottesville no dia 24 às 16:00 h.
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Charlottesville foi considerada, em uma pesquisa de 2008, como uma das melhores cidades para se viver nos USA. Utilizamos os três primeiros dias para saber o motivo e acabamos por concordar com a justiça da escolha. A cidade, além de linda e ter seus serviços públicos funcionando de forma irrepreensível, acolhe uma população que tem orgulho de sua cidade e, mais ainda, de sua importância na história da nação.
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Um dos pontos que mais nos impressionou foi a University of Virginia. Não apenas pela sua arquitetura mas, principalmente, pela forma como mantém o espírito e a visão desenvolvimentista que nortearam seu criador: Thomas Jefferson. Ciceroneados pelo Bob, genro do Cyro e professor da University of Virginia, tivemos acesso às suas instalações e todas as informações sobre sua criação e funcionamento. Foi como se tivéssemos um curso intensivo de história norte americana.
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A arquitetura da University of Virginia data do século 18 e seu estado de conservação é invejável, alamedas floridas e muros ondulados, além de quebrar a monotonia convidam ao estudo e à meditação. Entre seus alunos famosos, o escritor Edgard Allen Poe, autor de “O corvo” e cujo alojamento foi preservado exatamente como na época de sua utilização pelo então aspirante a escritor.
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No 4º. dia fomos à Shenandoha Valley na concessionária HD, cerca de 45 milhas de Charlottesville. Mais uma vez a incansável Cristiane, filha do Cyro, nos conduzia e com uma paciência infinita aguardava que namorássemos todas as motos, peças e acessórios daquela imensa concessionária.
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Após cumprir toda a burocracia para o aluguel da moto, fomos apresentado a dita cuja: uma Ultra Classic 2011, em dois tons de grená com 8 k milhas rodadas prontamente batizada de Angelina. O gerente, que já havia ficado impressionado ao ver a página do Cyro e filmes de sua pilotagem no note-book, pediu-me que desse uma volta pelo estacionamento pois era uma praxe antes de liberar a moto. O Cyro falou-me para sair fazendo uma curva para a esquerda e emendar com um “oito” para a direita. Só posso dizer que foi legal, aliás muito legal. Fiz a curva para a esquerda, que era em declive, utilizando a técnica aprendida com o Cyro e quase raspando a plataforma no asfalto. Emendei uma curva para a direita e o cara falou com o Cyro que era o suficiente mas eu, empolgado que estava, não ouvi e comecei a fazer oitos como um alucinado, acho que pensaram até em me abater a tiros. Por sorte vi a Cristiane o Cyro e o gringo sacudindo os braços como náufragos me mandando parar. Foi meu momento de glória, afaguei a Angelina e estacionei elegantemente na frente do gringo. Só faltou a cara de mau. Eu bem que tento mas pareço mais ridículo do que mau. Quando o gerente me parabenizou apontei para o Comandante Cyro, caprichei na pronúncia e mandei: ”- He’s my teacher” . Acho que ele ficou pensando que faço as mesmas manobras, e com a mesma classe, que ele viu o Cyro fazer no filme.
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Isto é uma coisa que jamais cansarei de falar: se não fosse o aprendizado das técnicas de pilotagem da polícia norte-americana com o Cyro, com toda certeza jamais me atreveria a fazer viagens como essa. Provavelmente nem mesmo teria uma motocicleta do porte de uma Harley Davidson hoje. Uma pena que poucos, cerca de 2% apenas, conheçam e utilizam esta técnica. Quantos acidentes, quantos sofrimentos e até mesmo quantas mortes poderiam ser evitados ?
O aluguel foi por uma semana e não me foi dado o desconto por ser membro do HOG, diferente do que aconteceu em Los Angeles, quando obtive um desconto de 10 %. Desta forma o aluguel ficou em 125 dólares por dia com seguro total incluído. O Cyro não alugou a moto pois optou, muito justamente, em curtir netos, filha e genro, afinal não é toda hora que se faz uma viagem dessas e ele estava há 6 meses sem vê-los. Em princípio a idéia era fazer alguns circuitos em torno de Charlottesville. Eu já tinha até um roteiro pronto quando o Cyro falou um nome que mexe com as emoções de qualquer motociclista, até mesmo dos velhos como o locutor que vos fala: “Tail of the Dragon”.
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Falando como quem não quer nada mas com um olhar cúmplice ele dizia que a distancia até lá eram de míseras 700 milhas o que, para quem já esteve a mais de 5.000 milhas, era quase como atravessar a rua. Pronto, estava resolvido, nosso destino era o “Rabo do Dragão”. Entrei no “Ride Planner” e tracei o caminho entre os dois pontos: Charlottesville na Virgínia e Robbinsville na Carolina do Norte, sendo a US81 o caminho mais curto . Acontece, como tudo na vida, que nem sempre aquilo que se afigura como o mais fácil é o melhor. O Bob já havia me falado em uma tal de Blue Ridge Parkway quando, em conversa com uma senhora vizinha deles, ouvi novamente este nome com a recomendação que não deixasse de conhecer a estrada, apenas deveria tomar cuidado pois ficava coalhada de motociclistas, uma fauna estranhíssima, com suas Harleys barulhentas. Bingo, pensei, é a minha estrada.
FIM DA 1ª PARTE
Hélio Rodrigues Silva

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