Primeiras impressões: Zero DS elétrica
Moto é a elétrica mais potente à venda no Brasil entre grandes marcas.
Pelo preço de R$ 39,9 mil, carrega em 4 horas e acelera até 105 km/h.
Seguindo as tendências atuais dos meios de transporte “ecologicamente corretos”, a Zero Motorcycles inicia suas vendas no Brasil. Apesar de já existirem motos elétricas à venda no país, o diferencial da empresa norte-americana, localizada em Santa Cruz, na Califórnia, é a performance de seus produtos, similar ao de motos convencionais.
Por exemplo, a marca que tem mais investido neste segmento é a CR Zongshen, empresa sino-brasileira e detentora da marca Kasinski. A marca comercializa no Brasil, há mais de um ano o scooter Prima Electra por R$ 5,4 mil e acaba de lançar a Win ElétriKa por R$ 4,9 mil, porém, com desempenhos mais comedidos que os produtos da Zero.
Zero DS é a moto elétrica mais potente do Brasil (Foto: Raul Zito/ G1)
Desde 2006, quando os primeiros protótipos da Zero foram construídos, a fabricante tem evoluído seus produtos. Após mostrar suas motos no Salão Duas Rodas de 2009 e 2011, elas finalmente estão à venda no país através do Grupo Izzo, mesmo representante de Ducati e KTM no Brasil. O G1 avaliou um dos modelos disponíveis no país pela marca, a Zero DS (Dual Sport), que custa R$ 39,9 mil, rodando por 100 km com a moto em São Paulo.Desempenho
À primeira vista, o que chama atenção na Zero é o fato de esteticamente ser muito semelhante a uma moto convencional. A versão Dual Sport avaliada segue o estilo trail, com aptidões para enfrentar terra e asfalto, e conta com rodas de aro 17” (dianteira) e 16” (traseira). No Brasil, os pneus da DS são voltados para pisos pavimentados, enquanto nos Estados Unidos a moto conta com pneus de uso misto.
Para entrar em movimento, a Zero está equipada com motor elétrico que, de acordo com a marca, alcança 25 cavalos de potência máxima a 3.050 rpm e 6,01 mkgf a 3.050 rpm. Estes números são similares, e até superiores, aos encontrados em motos de 250 a 300 cm³. O principal diferencial é o silêncio quase absoluto. Há apenas um pequeno zunido, que aumenta à medida que a velocidade cresce. Vibrações não existem, tanto que as pedaleiras nem precisam ser emborrachadas. A falta de barulho merece uma atenção a mais do usuário, pois pedestres, motoristas e mesmo motociclistas podem não notar a aproximação da Zero.
Outra diferença é que, ao primeiro giro do acelerador, a Zero começa a andar com timidez, mas, à medida que a velocidade aumenta, a força do motor aparece, sendo suficiente para alcançar as velocidades limites dentro das cidades. A marca divulga que a DS pode atingir velocidade máxima de 105 km/h. Durante o teste, foi possível comprovar que a moto alcança com facilidade 90 km/h, o suficiente, por exemplo, para vias expressas nas cidades brasileiras.
Contudo, por não ter freio motor nem marchas e embreagem, a moto tem comportamentos diferentes comparados às movidas à combustão. Não é possível controlar o motor como se faz em uma moto tradicional. Assim, para fazer manobras em baixa velocidade, é preciso se acostumar com o diferente tato do acelerador e abusar do freio traseiro. A DS também não apresentou um ângulo de esterço muito amplo, atrapalhando em algumas manobras.
No momento de frear, é necessário ter um cuidado extra com a Zero. A ausência do freio motor faz com que o trabalho de parar a moto fique totalmente a cargo do sistema de freios. Equipada com discos na dianteira e na traseira, o dispositivo está adequado à proposta da moto, mas, a traseira tende a travar com facilidade. Este fator é ressaltado pela distribuição de peso da moto, que fica em sua maior parte na dianteira.
Seu peso é relativamente leve, de 125,6 kg — a Yamaha Lander 250, por exemplo, sua equivalente com motor a combustão, pesa 132 kg a seco. Mas a maior parte da massa da Zero está na bateria, que tem 49 kg. Devido ao seu posicionamento, principalmente nas frenagens, ela faz a força se concentrar na roda dianteira. Este fator também influencia na maneabilidade da moto, que perde um pouco de agilidade nas mudanças de direção.
A falta de barulho do motor também faz com que se escute o trabalho das suspensões com maior veemência, assim como todo o conjunto chacoalhando. Os amortecedores estão bem calibrados para uso comedido na cidade e possuem ajustes, inclusive, o monoamortecedor a gás na traseira. A moto mostrou-se confortável, possui um bom encaixe para o piloto e, apesar de ser uma trail, tem um posicionamento que lembra o de uma naked, com as pedaleiras um pouco recuadas.
Zero DS atinge velocidade máxima de 105 km/h (Foto: Raul Zito/ G1)
Recarregando a bateriaA Zero divulga que a autonomia da DS é de até 80 km em uso moderado na cidade. Carregada totalmente, num processo que levou 4 horas em tomada comum, a moto rodou exatos 42,2 km até a carga da bateria se esvair. Durante esse teste, foi empregado um ritmo rápido de deslocamento, atingindo velocidades de 90 km/h na Marginal Pinheiros, por exemplo.
Para carregar a bateria basta conectar o cabo a
uma tomada 110 ou 220 volts
O controle da carga pode ser feito no próprio painel que mostra o quanto de energia ainda tem, alterando autonomia instantaneamente, de acordo com a velocidade empregada. Para recarregar o usuário pode usar qualquer conexão de 110 ou 220 volts. O grande empecilho é encontrar no Brasil um local para poder fazer a recarga na rua, no trabalho ou em casa, principalmente, para quem mora em apartamentos.uma tomada 110 ou 220 volts
Não é preciso esperar a carga terminar completamente para recarregar a bateria. A moto também roda sem que ela esteja totalmente carregada. O bloco de íon-lítio da Zero possui 240 células, que são carregadas de forma independente. De acordo com a marca, as baterias duram cerca de 5 anos ou 1,6 mil ciclos.
O painel é simples e
de fácil visualização (Foto: Raul Zito/ G1)
Proposta e mercadode fácil visualização (Foto: Raul Zito/ G1)
Apesar de alcançar um desempenho interessante, a Zero DS tem como proposta ser um veículo totalmente urbano. Devido à sua autonomia e tempo de recarga, torna-se inviável para o uso na estrada. Além da versão DS de R$ 39,9 mil, há uma mais barata, a S, com roda de 16” na dianteira e estilo supermotard, que custa R$ 34,9 mil. Ambas são importadas dos Estados Unidos.
Estes valores estão altos para o mercado brasileiro, comparando com modelos similares movidos à combustão, mas a marca já estuda a montagem das motos em Manaus, o que fará os preços diminuírem. A expectativa da Zero é comercializar 72 unidades até o final deste ano, entre os modelos DS e S, ambos 2010. A chegada da linha 2011 com novidades visuais e mecânicas, além de baterias com 12% a mais de capacidade, está prevista para março do próximo ano.
Marca divulga autonomia de até 80 km para a Zero DS
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